segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Referências Históricas

por CARLOS ROBERTO PELEGRINO ALVES DE SENA
“Existem diversas versões a respeito da origem da Capoeira. A mais comum acredita que ela vem da dança N’GOLO, ou dança da zebra. Na África, em Angola, segundo a descrição do Mestre Bola Sete (1997)”, [...] existia um ritual bastante violento chamado jogo da zebra, onde os negros lutavam aplicando cabeçadas e pontapés e os vencedores tinham como prêmio as meninas da tribo que ficavam moças “(p.19).
Segundo (Valdeloir Rego 1968), ressalta que essa dança era praticada por negros no Brasil, como divertimento em dias de domingos e feriados em festas de lago.Outras manifestações que lembram a capoeira podem ter origem em diversos movimentos de danças distintas da África. Por exemplo, a Bassula, a Cabangula ou mesmo o Umundinhú” (SOARES, 1995) (DARIDO 2005, p 263).
Segundo o artigo de Fontoura e Guimarães (2002), por volta de 1550 é que os primeiros escravos africanos começaram a desembarcar no Brasil, oriundos de diferentes tribos, com diferentes costumes e culturas.Trabalhando num regime de sol a sol, chicoteados pelos seus feitores, derrubavam matas, preparavam a terra, plantavam a cana e produziam, com o amargor do sofrimento, o açúcar, doce riqueza dos senhores (AREIAS, 1996, p.11).Viu-se, a capoeira nestas circunstancias, tolhida em seu desenvolvimento, sendo praticada às escondidas ou disfarçada, cautelosamente, com danças e músicas de sua terra natal (PASTINHA, 1988, p.28).
Com o processo de colonialismo brasileiro e com a chegada dos negros escravos originários da África, aqui a capoeira apareceu como forma de defesa pessoal dos escravos contra seus opressores do engenho (SANTOS, 1990, p.19). De acordo com Mello (1996) apud Fontoura e Guimarães (2002), a capoeira acontecia de forma clandestina, pois uma vez usada como arma de luta, os senhores do engenho à coibiam veementemente na base da tortura.O capoeira desde o seu aparecimento foi considerado um marginal, um delinqüente, em que a sociedade deveria vigiá-lo, e as leis penais enquadrá-lo e puní-lo (REGO, 1968, p. 291).Mesmo depois de abolida a escravidão, os capoeiristas continuaram a sofrer perseguições da polícia e eram mal vistos pela sociedade (GLADSON, 1989, p. 22).
Do artigo 402, do código penal capitulo XIII de 1890 diz; Fazer nas ruas e praças públicas, exercício de agilidade e destreza corporal conhecida como capoeiragem; prisão celular de dois a seis meses (REGO, 1968, p. 292). Em 1907, surge a primeira tentativa de instituição de uma ginástica brasileira, com o opúsculo O GUIA DA CAPOEIRA OU GINASTICA BRASILEIRA, cujo autor se oculta sob as iniciais de O D.C. (GLADSON 1989, p. 22).
Segundo informações de Mestre Sinhozinho (Agenor Sampaio), muitos moços daquela época e de boas famílias passaram a praticar a capoeira, vendo nela excelente exercício de destreza e recurso de defesa pessoal (GLADSON, 1989, p.22). “Em 1936, surge Mestre Bimba (Manuel dos Reis Machado), sendo o grande pioneiro na projeção da capoeiragem. Faz a primeira demonstração da inovação do seu trabalho, e um ano depois é convidado pelo então governador da Bahia, General Juracy Magalhães, para fazer uma apresentação no palácio para um grupo de amigos e autoridades convidadas, mostrando a eles uma parte da nossa herança cultural. Naquele mesmo ano a capoeira é oficializada pelo governo como instrumento de Educação Física e Mestre Bimba recebe da Secretaria de Educação, Saúde e Assistência Pública uma licença e registro para funcionamento da sua escola como centro de Educação Física” (AREIAS, 1983, ps. 67 e 68).
Em 1972 a capoeira foi homologada pelo Ministério da Educação e Cultura como modalidade desportiva (GLADSON 1989, p. 23). A Confederação Brasileira de Pugilismo, pelo seu Departamento Especial de Capoeira, elaborou o Regulamento Técnico que norteou a vida da capoeira-esporte em todos os eventos e graduações oficiais em âmbito nacional, e tendo como órgãos responsáveis, em nível estadual, as respectivas Federações e nos dias de hoje a Capoeira é ensinada em academias, clubes, escolas e universidades, com o lúdico, o ritmo e a luta (GLADSON 1989, p.23).

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